Quando nascemos nos confrontamos com dois caminhos à nossa frente: crescer ou regredir. Somos expostos a todo tipo de estímulos aos quais vamos reagindo conforme a consciência que temos deles. Esta exposição aos estímulos constituem a nossa experiência.
É um processo de sensações, percepções, interpretações, memórias, fantasias e pensamentos. É o sentimento sobre o mundo, o meio e o ambiente, os quais interpretamos, reagimos e respondemos.
A resposta leva a uma conseqüência: boa ou má; confortável ou incômoda; de alívio ou culpa; de satisfação ou insatisfação; de contentamento ou descontentamento.
As conseqüências vão sendo registradas, gravadas, armazenadas e passam a fazer parte do próprio organismo.
Quando são arquivadas na memória, passam a orientar as decisões, opções e resoluções futuras.
Uma vez que se passe por uma experiência, por uma conscientização, não há como reverter o processo. Não se apaga. Não se brinca. A consciência pode ser reorganizada, reestruturada, modificada com novas exposições. Pode até ser perdoada, mas não eliminada.
É a experiência que nos conscientiza da realidade do aqui e agora, nos ajuda a construir nossa opiniões, crenças e valores. Nos mostra as relações de causa e feito:
E O tempo nos envelhecerá.
E A distância causa saudades.
E A verdade cria a liberdade.
E O esforço recompensa.
Nos facilita a integração de sujeito e objeto, de influir e ser influído, de atuar e ser atuado.
A experiência não depende da vontade, mas de conscientização. A percepção pode ser seletiva, mas não é um desvio, uma distorção da realidade. Por negar a percepção, não se elimina os efeitos.
O desespero da vida não está no fato de morrer, sofrer, temer, passar fome ou sentir dor, mas na tentativa de eliminar as experiências no momento em que estão ocorrendo, no momento da dor, do padecimento. É preciso ficar com a dor para eliminar o sofrimento.
Quando você barra a experiência, você convida o tédio e a solidão, e escorrega para a ociosidade e a preguiça.
Abrir-se para a experiência é vivenciar o estímulo, sentir o pulsar da vida, viver o momento e usar a informação presente para definir o que quer e fazer as escolhas apropriadas.
Quando se abre para a experiência, então se pode sentir:
° A dor ou o prazer,
° O ódio ou o amor,
° A agressão ou o carinho,
° O abatimento ou o enlevo,
° A fraqueza ou a fortaleza,
° O desânimo ou a vibração,
° O fracasso ou o sucesso.
Todos são válidos para quem se ama. Pode sentir sem desculpas, justificativas, explicações, rejeição ou medo.
A experiência exige aceitação. Quando você se abre para a experiência e a aceita, então começa a crescer e usufruir dos seguintes resultados:
u Recebe mais dados – escolhe e decide melhor;
v Pode exercer mais esclarecidamente a sua vontade.
w Capta melhor os detalhes.
x Tolera melhor as ambigüidades – convive com os problemas sem solução:
- Você é feia, mas eu te amo;
- Você é malvado, mas eu gosto de você;
- Você é preguiçosa, mas eu aprecio você;
- Você é diferente de mim, mas eu te respeito;
- Quero ser intelectual, mas preciso trabalhar;
- Gostaria de tirar dez em tudo, mas preciso trabalhar muito para manter a família;
- Gostaria de escrever um livro, mas tenho algumas limitações práticas;
- Gostaria de ser cantor, mas não tenho ritmo nem ouvido musical.
y Usa o que você é, sem se combater pelo que é.
z Torna-se mais realista nas aspirações:
- Aspira dentro das possibilidades,
- Aspira dentro das capacidades.
{ Quando você se propõe a se aceitar melhor, da maneira que é, então pode aceitar melhor os outros como são.
- É mais empático e simpático com o sofrimento;
- É mais paciente e tolerante com as tolices humanas;
- Tem menos desilusão com a humanidade e menos desespero;
- Não deixa uma pergunta sem resposta, nem uma resposta sem consideração.
- Pode dizer não sem ser negativo, discordar sem ser do contra, defender suas idéias sem ser teimoso, ter opinião sem ser cabeça dura.
Crescer só é possível e necessário diante de alguma perda física ou intelectual. A adversidade faz crescer. O trauma ensina.
Crescer exige desafio, desequilíbrio: entre a pessoa e o mundo, entre o pensamento e a experiência, entre a previsão e o resultado.
Crescer é um processo contínuo de: diferenciação (separar elementos da realidade); organização (integrar em complexidade); adaptação à realidade.
Crescer é criar padrões que facilitem a percepção, o pensamento e a ação.
Com o padrão, o processo: fica mais automático, exige menos atenção, gasta menos energia, aumenta os recursos. A pessoa cresce em complexidade e integração.
Crescer é a capacidade de: Realizar os potenciais e talentos; Desenvolver novos recursos e vigor apesar das adversidades; Expandir-se através dos desafios.
Crescer é a determinação de: Sobreviver à perda; Recuperar-se da adversidade; Desabrochar diante dos obstáculos; Transpor as barreiras.
Crescer é a aplicação da coragem para: Reconhecer a imperfeição; Aceitar o erro; Tolerar o fracasso; Agüentar a humilhação de ser ignorante.
Crescer é afastar-se da impotência, da subserviência, do desespero, do desencanto, da auto-piedade, da inferiorização.
Crescer é um processo ascendente de mudanças. É aprender com: os erros e acertos, com os fracassos e sucessos, com as falhas e as adequações, com as frustrações e os contentamentos, com as decepções e as satisfações, com o sofrimento e as alegrias.
Só se pode crescer abrindo-se para a experiência. É necessário o uso da experiência para crescer.
A tarefa do crescimento é individual. A experiência é individual.
Ninguém cresce por você. Ninguém substitui você. Ninguém cura você.
Você promove sua cura. Você tem de fazer a sua parte. Você é o agente da própria vida. Você é o autor do próprio destino. É você quem pratica, tenta e ensaia. É você quem cresce.
Crescer é fazer uma série de escolhas e decisões diárias. Em cada uma delas há uma opção de voltar-se para a segurança do conhecido ou mover-se rumo ao desconhecido, ao incerto.
Crescer é tornar-se humanamente mais pleno, mais expressivo, mais realista, menos egoísta.
Crescer é compensador, prazeroso, mas também é doloroso. Cada passo à frente é perigoso, é arriscado, é entrar no desconhecido, é perder o comodismo, perder o gostoso, perder o familiar e o satisfatório.
É uma partida e uma despedida, uma separação com o luto, a nostalgia e a solidão. Exige coragem, força e vigor. O meio pode dar proteção, permissão e apoio.
Crescer não é fácil porque requer o abandono do futuro atraente (fantasioso) e do passado saudoso. É preciso muita coragem.
Por isso Paulo disse: “Esquecendo-me das coisas que para trás ficam, prossigo para o alvo”. Col. 3:13
É preciso coragem para ser imperfeito, e valorizar o erro para aprender e crescer.
Crescer é abrir-se para as novas experiências com coragem, perseverança, fé e humildade.
Busquemos o crescimento!
Que vocês cresçam sempre!!
Dr. Belisário Marques